sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Eleições 2006 - 2º turno

Os debates entre os candidatos a presidência da república, Lula e Alckmin, tem sido marcados por uma constante. Enquanto Alckmin tenta trazer a tona o conceito ético que se perdeu na sociedade brasileira, Lula tem como trunfo aparentes conquistas sociais e a ironia é sua grande arma.

Lula se alicerça na redução da pobreza e na apresentação de números irreais. Houve queda de 19% na pobreza no país de acordo com o presidente. Esse número se deve ao bolsa-família. No entanto, é irreal imaginar o bolsa-família como um eficiente redutor de pobreza. Na realidade, os programas sociais do governo não trabalham pela auto-suficiência dos beneficiados, mas mantém a dependência aos programas sociais. Se  a fonte de dinheiro acabar, as pessoas voltarão ao mesmo estado em que se encontravam antes. É preciso dar o peixe ao mesmo tempo em que se ensina a pescar.

No debate do SBT, Lula usou como arma a comparação da taxa selic. Disse que a taxa hoje estava em 6,5%. Embora devesse entender claramente essa taxa apresentada na TV a todo momento, o presidente mostrou que não sabe os números da economia, pois a taxa é de 13,5%.

Ironicamente, o presidente sorri diante das perguntas e faz piadas a respeito de qualquer assunto. Foge das perguntas que o levariam a prestar contas ao povo a respeito das frequentes denúncias de corrupção de seu governo. Insiste que nada via e nada sabia e usa o elevado número de denúncias como trunfo de campanha, dizendo que as denúncias surgiram porque seu governo investiga. Vale lembrar que isso não é verdade, o mensalão chegou ao conhecimento público graças a Roberto Jefferson, que contou os segredos do Planalto.

Alckmin errou ao centralizar sua campanha em críticas ao governo Lula. Era necessário reconhecer o que foi bom, falar sobre o que faltou e apontar soluções para melhorar os programas existentes e implementar outros necessários ao desenvolvimento nacional. Não houve uma clara apresentação de propostas, além de que o uso de termos técnicos também afastou o candidato do PSDB do público brasileiro.

Foi uma campanha fria com alguns picos. O marketing de Lula acertou ao usar a privatização. A campanha de Alckmin foi fraca, não apresentou qualquer fato novo, mas insistiu na corrupção que o povo conhece, mas não tem grande impacto sobre o eleitorado que se identifica com Lula e o vê como um do povo no poder.

O imediatismo dos programas de Lula lhe renderam sucesso na campanha. A pergunta é: até quando essas soluções imediatas e provisórias surtirão efeito? Não se pensou no longo prazo durante esse governo. Esperamos que nos próximos quatro anos, os programas de governo visem mais a preparação para o futuro do que o simples imediatismo provisório. Caso contrário, correremos o risco de nos tornar uma nova Argentina, populista e quebrada.

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