Não Sou Conduzido, Conduzo!
| Contraste entre prédios modernos da Berrini e uma favela na Roberto Marinho |
Em 25 de janeiro de 1554, quando da fundação do Colégio São Paulo, os jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega não poderiam imaginar o que se tornaria seu colégio. No primeiro ano de fundação do colégio, o povoado que se formou ao seu redor tinnha 130 habitantes, formado principalmente por aborigenes catequizados e defendidos contra os abusos de colonizadores portugueses.
Mas Anchieta, chamado Abarebebe pelos indigenas, deixou seu legado como herança pro povoado. Abarebebe em tupi significa Padre Voador. Com tal herança, já se percebia que o povoado não nascera para continuar povoado, embora por dois séculos tenha sido uma vila pobre e isolada do restante do país.
No entanto, essa não era sua vocação. A vila foi o passo inicial da trajetória dos bandeirantes, que dela partiram para conquistar o norte, o oeste e o sul do Brasil atual, até então área sobre o domínio espanhol.
Elevada a categoria de cidade, São Paulo cresceu, impulsionada pelo ciclo do açucar e pela facilidade de escoar sua produção pelo porto de Santos.
Mas ainda era pouco para uma cidade nascida para conduzir. Em 1900, com 240 mil habitantes, a cidade já era uma metrópole nacional. Porém, sua população continuava a crescer. Um número incontável de migrantes do nordeste do país começaram a chegar. Em proporções tão grandes como, imigrantes europeus, árabes e orientais também descobriram a cidade. 2 milhões e 300 mil imigrantes chegaram a São Paulo, especialmente italianos, portugueses, espanhóis, alemães, libaneses e japoneses. Todos os migrantes e imigrantes contribuíram com os sotaques, os costumes, as culinárias, e transformaram São Paulo numa das cidades mais multiculturais do mundo.
A produção de café, depois a indústria e, por último os serviços, colocaram São Paulo no topo do país. A locomotiva do Brasil. De 130 habitantes em 1554 à 11 milhões em 2007. De colégio jesuíta à metrópole mundial. A área metropolitana conta atualmente com quase 20 milhões de habitantes, sendo a terceira metrópole do mundo.
A cidade mais rica do país, enfrenta problemas de grandes metrópoles do terceiro mundo. A desigualdade, os contrastes sociais, os problemas de transporte, segurança, moradia. Em seus 454 anos, São Paulo ainda precisa melhorar muito. Ainda precisa voar como um seus fundadores. Ainda precisa diminuir seus contrastes.
Ainda há muito que aprender com os próximos 454 anos. Ainda há muito que crescer. Que a cidade que conduz torne-se o lugar ideal para seus milhões de habitantes que ainda vivem a margem da sociedade, que ainda não se consideram cidadãos, que ainda não realizaram os sonhos que vieram buscar aqui.
Parabéns São Paulo!
| Brasão da cidade de São Paulo com a inscrição"Non Dvcor Dvco" que significa "Não sou conduzido, conduzo" |
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