segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Comunismo do Século XXI


Parece que há uma onda comunista na América Latina. Desde a ascensão de Hugo Chávez, na Venezuela, vários governos considerados de “esquerda” tem alcançado o poder no continente. Rafael Correa no Equador, os Kirchner na Argentina, Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff, no Brasil, Evo Morales na Bolívia, entre outros.

Na América Hispânica, o renascimento comunista tem como origem uma suposta ressurreição dos ideais de Simón Bolívar.

No entanto, os ideais do socialismo parecem perdidos no bolivarianismo e comunismo latino-americano do século XXI.

Os governos “esquerdistas” tem cada vez mais a tendência de serem “de centro”.

O Brasil é um dos principais exemplos de tal tendência. Os rótulos “partido dos ricos” e “partido do povo” se perdem nas efetivas ações dos governos quando estão no poder. As diferenças entre os principais partidos são cada vez menores e ideologias políticas tem pouca ou nenhuma importância.

O governo esquerdista brasileiro, que alcançou o poder depois de diversas tentativas fracassadas, pouco fez de diferente dos governos anteriores (e pouco poderia fazer). Continuou o mesmo sistema. Até a privatização, condenada pela “esquerda” durante as eleições, com o nome de “concessão”, tem sido parte do programa econômico do governo.

Na Argentina, os esquerdistas empobreceram a nação maquiando números e apresentando uma rápida ascensão do patrimônio dos Kirchner.

Na Venezuela, o governo de Hugo Chávez enfrenta com unhas e dentes o domínio continental norte-americano, porém, vê na nação, que ele próprio denomina como demoníaca, o principal parceiro comercial e destino das importações petrolíferas do país. O petróleo gera receita, mas não riqueza. No auge da revolução, a Venezuela, com esmagador apoio ao presidente, apresenta racionamento de água, energia e, até mesmo, alimentos. Parece que a igualdade idealizada consiste em equiparar as classes aumentando os pobres ao invés de fazer o contrário.

No Equador, de Rafael Correa, se repetem os erros venezuelanos. As ações que demonstram que o governo é esquerdista se baseiam essencialmente no enfrentamento direto com as nações desenvolvidas, na perseguição aos meios de comunicação e na demonização da riqueza.

Neste cenário de muitas ideologias e poucas ações efetivas, eis que surge José Mujica, o presidente esquerdista do Uruguai.

Mujica tem um dos menores salários dentre os presidentes latino-americanos, são 260.000 pesos uruguaios (ou quase 12.000 dólares) mensais, dos quais 90% são doados para projetos sociais e para a manutenção de seu partido, o Movimento de Participação Popular (MPP).

Calcula-se que Mujica fique com apenas cerca de 1.500 dólares mensais. O mandatário uruguaio diz que esse dinheiro “dá e tem que dar porque há uruguaios que vivem com muito menos”.

O patrimônio declarado de José Mujica é 215.000 dólares, o que inclui um fusca velho e a casa onde vive num bairro rural da periferia de Montevidéu, chamado Rincón del Cerro.

Em dezembro de 2011, o líder uruguaio entregou, de seu próprio bolso, 152.000 dólares a um programa de casas populares e no inverno de 2012 abriu as portas da residência presidencial para os indigentes a fim de evitar mortos por hipotermia, como havia acontecido em 2011.

Enquanto isso, no Brasil, a “esquerda” continua esbanjando dinheiro público. E a “direita” também, que se diga com justiça. Os salários altos brutos ainda são acrescidos de diversas ajudas de custo: auxílio moradia, auxílio combustível, auxílio isso, auxílio aquilo. Os próprios parlamentares têm aumentado seguidamente os próprios, e já altos, salários muito acima da inflação. As denúncias de corrupção dos gabinetes dos governos federal, estaduais e municipais se proliferam como uma poderosa erva daninha social.

Precisamos de governos de “esquerda” ou “direita” que realmente sigam sua própria ideologia e sejam menos parecidos entre si, dando maior poder de escolha ao povo. Governos que vejam a política como meio de serviço e não meio de enriquecimento (muitas vezes, ilícito).

José Mujica é um exemplo de “esquerdista” que vive a “esquerda” e não apenas fala sobre ela e a usa como propagando política.  

Presidente uruguaio em seu fusca velho

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