Parece
que há uma onda comunista na América Latina. Desde a ascensão de
Hugo Chávez, na Venezuela, vários governos considerados de
“esquerda” tem alcançado o poder no continente. Rafael Correa no
Equador, os Kirchner na Argentina, Lula e sua sucessora, Dilma
Rousseff, no Brasil, Evo Morales na Bolívia, entre outros.
Na
América Hispânica, o renascimento comunista tem como origem uma
suposta ressurreição dos ideais de Simón Bolívar.
No
entanto, os ideais do socialismo parecem perdidos no bolivarianismo e
comunismo latino-americano do século XXI.
Os
governos “esquerdistas” tem cada vez mais a tendência de serem
“de centro”.
O Brasil
é um dos principais exemplos de tal tendência. Os rótulos “partido
dos ricos” e “partido do povo” se perdem nas efetivas ações
dos governos quando estão no poder. As diferenças entre os
principais partidos são cada vez menores e ideologias políticas tem
pouca ou nenhuma importância.
O governo
esquerdista brasileiro, que alcançou o poder depois de diversas
tentativas fracassadas, pouco fez de diferente dos governos
anteriores (e pouco poderia fazer). Continuou o mesmo sistema. Até a
privatização, condenada pela “esquerda” durante as eleições,
com o nome de “concessão”, tem sido parte do programa econômico
do governo.
Na
Argentina, os esquerdistas empobreceram a nação maquiando números
e apresentando uma rápida ascensão do patrimônio dos Kirchner.
Na
Venezuela, o governo de Hugo Chávez enfrenta com unhas e dentes o
domínio continental norte-americano, porém, vê na nação, que ele
próprio denomina como demoníaca, o principal parceiro comercial e
destino das importações petrolíferas do país. O petróleo gera
receita, mas não riqueza. No auge da revolução, a Venezuela, com
esmagador apoio ao presidente, apresenta racionamento de água,
energia e, até mesmo, alimentos. Parece que a igualdade idealizada
consiste em equiparar as classes aumentando os pobres ao invés de
fazer o contrário.
No
Equador, de Rafael Correa, se repetem os erros venezuelanos. As ações
que demonstram que o governo é esquerdista se baseiam essencialmente
no enfrentamento direto com as nações desenvolvidas, na perseguição
aos meios de comunicação e na demonização da riqueza.
Neste
cenário de muitas ideologias e poucas ações efetivas, eis que
surge José Mujica, o presidente esquerdista do Uruguai.
Mujica
tem um dos menores salários dentre os presidentes latino-americanos,
são 260.000 pesos uruguaios (ou quase 12.000 dólares) mensais, dos
quais 90% são doados para projetos sociais e para a manutenção de
seu partido, o Movimento de Participação Popular (MPP).
Calcula-se
que Mujica fique com apenas cerca de 1.500 dólares mensais. O
mandatário uruguaio diz que esse dinheiro “dá e tem que dar
porque há uruguaios que vivem com muito menos”.
O
patrimônio declarado de José Mujica é 215.000 dólares, o que
inclui um fusca velho e a casa onde vive num bairro rural da
periferia de Montevidéu, chamado Rincón del Cerro.
Em
dezembro de 2011, o líder uruguaio entregou, de seu próprio bolso,
152.000 dólares a um programa de casas populares e no inverno de
2012 abriu as portas da residência presidencial para os indigentes a
fim de evitar mortos por hipotermia, como havia acontecido em 2011.
Enquanto
isso, no Brasil, a “esquerda” continua esbanjando dinheiro
público. E a “direita” também, que se diga com justiça. Os
salários altos brutos ainda são acrescidos de diversas ajudas de
custo: auxílio moradia, auxílio combustível, auxílio isso,
auxílio aquilo. Os próprios parlamentares têm aumentado
seguidamente os próprios, e já altos, salários muito acima da
inflação. As denúncias de corrupção dos gabinetes dos governos
federal, estaduais e municipais se proliferam como uma poderosa erva
daninha social.
Precisamos
de governos de “esquerda” ou “direita” que realmente sigam
sua própria ideologia e sejam menos parecidos entre si, dando maior
poder de escolha ao povo. Governos que vejam a política como meio de
serviço e não meio de enriquecimento (muitas vezes, ilícito).
José
Mujica é um exemplo de “esquerdista” que vive a “esquerda” e
não apenas fala sobre ela e a usa como propagando política.
Presidente uruguaio em seu fusca velho |
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